TRADICIONALIS

Este Blog pretende ser um espaço onde se trocam impressões e ideias sobre o património cultural português e qual a melhor forma de o preservar. A música e os instrumentos musicais, em especial os cordofones, terão aqui um espaço privilegiado.

28 setembro 2005

FESTIVAL DE MÚSICA POPULAR

Porque este espaço é de todos deixo-vos esta informação cedida pelo meu amigo Zé Paulo sobre eventos culturais que estão e vão decorrer na Amadora. Obrigado. Sérgio Fonseca

Nos próximos dias 30 e 01, sexta e sábado, sempre às 21.30H, decorre o Festival de Música Popular Portuguesa, nos Recreios da Amadora. Organização da respectiva Câmara, o festival terá este ano a presença de Jandira Silva (Brasil) e Guto Pires (Guiné-Bissau), na sexta. O sábado, como vem sendo habitual, está reservado para a apresentação do vencedor do Prémio José Afonso, iniciativa desde sempre ligada ao Festival. Este ano o vencedor foi o Zeca Medeiros, com o disco “Torna Viagem”, e por isso o autor açoreano estará assim presente na tradicionalmente
conhecida “Porcalhota”.
Curioso e interessado espectador destas iniciativas, que procuro seguir já há algum tempo, deixo a sugestão, para quem possa e queira segui-la. Para lá de algumas vicissitudes que o Festival tem conhecido (não de todo alheias às “voltas” e “reviravoltas” da nossa vida autárquica, suponho...), julgo que continua a ser uma boa iniciativa de divulgação e dignificação da nossa música popular, além de uma excelente oportunidade para desfrutarmos de uns momentos de autêntico prazer.
Um abraço! Zé Paulo
P.S.- Já agora, a quem possa interessar... por esta altura decorre também uma Feira do Livro na Amadora. Tudo isto se insere nas festas da cidade, comemoradas a 11 de Setembro (mas não o “tal”...), e a feira do livro estará aberta no Parque Delfim Guimarães (junto à estação da CP), até 05 de Outubro. Enquanto estudante, esta feira sempre foi uma boa ocasião para as primeiras compras do ano, a preços acessíveis. Mas não será preciso ser estudante para encontrar bons motivos para ir até lá, percorrer o espaço da feira, folhear umas coisas e quem sabe trazer para casa mais algum bom companheiro de uns momentos de leitura...

25 setembro 2005

MÚSICA POPULAR, MÚSICA TRADICIONAL

As referências à música popular e à música tradicional confundem-se por vezes. Se a música popular é aquela que o povo adopta num determinado momento, a música tradicional é algo muito mais importante, já que tem a ver com a música que, para além de adoptada pelo povo, não só não é esquecida como é transmitida oralmente de geração em geração transformando-a assim numa herança cultural e em património do povo. A designação tradição oral deste género musical tem, exactamente, a ver com a transmissão oral de uma música que, muitas vezes, não está escrita e cujo nome do autor se perdeu ao longo de gerações. Já no que diz respeito aos instrumentos musicais a designação popular ou tradicional não está delimitada por quaisquer diferenças.

19 setembro 2005

MUSEU DO FADO


No passado dia 15 de Setembro foi inaugurada, no Museu do Fado, a exposição O Fado por Stuart Carvalhais. Podemos encontrar uma mostra bastante variada de desenhos, cartoons e ilustrações deste artista bem como de alguns dos seus contemporâneos.

É de destacar o enorme número de partituras de fados e canções cuja publicação era bastante limitada, cerca de 100 exemplares, e em que a primeira página era sempre ilustrada. Uma fabulosa montagem dos desenhos de Stuart Carvalhais apresentada em diapositivos merece a particular atenção dos visitantes.
Vale a pela ir ver.

14 setembro 2005

O CAVAQUINHO E O UKELELE

O cavaquinho é o mais pequeno e talvez o mais popular dos cordofones portugueses. Sendo um instrumento da região do Minho a sua origem remonta aos tetracórdios helénicos. Deixado ao abandono, na companhia de muitos outros instrumentos populares, teve o seu ponto alto na cultura portuguesa em 1981 com a saída para o mercado do disco de Júlio Pereira “cavaquinho”.

Júlio Pereira, com a colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian, do Dr Ernesto Veiga de Oliveira e com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Direcção Geral de Acção Cultural), lançou-se num projecto ambicioso com a finalidade, conseguida então, de proporcionar uma divulgação de um instrumento português típico, de raiz, e que seria continuada dois anos depois com o disco “braguesa” ainda com a colaboração do Dr. Ernesto Veiga de Oliveira, mas já sem outros apoios. A braguesa já há muito que caiu no esquecimento. Quanto ao cavaquinho, tem vindo a perder progressivamente o protagonismo com que foi granjeado na altura. Uma tentativa que vale a pena recordar é a de Lúcia Moniz, que se apresentou de cavaquinho em punho no festival da Eurovisão de 1996.
Quando em 1879 o navio Ravesnscrag chegou a Honolulu (Hawai) na tarde do dia 23 de Agosto transportando 419 madeirenses, João Fernandes pediu a um amigo o cavaquinho e saltou para a praia começando a tocar e cantar músicas típicas da sua terra. Este instrumento, que causou alguma admiração entre os nativos, rapidamente se tornou um símbolo da sua identidade em termos internacionais através de uma divulgação que ultrapassou tudo o que se pode imaginar.

Rapidamente o ukelele passou a ser conhecido e associado às ilhas do Pacífico. É, no fim de contas, o símbolo da identidade de um povo que soube preservar e adoptar um instrumento sem, diga-se, nunca renunciar as suas origens. Triste é que o instrumento progenitor, o cavaquinho, seja lá fora conhecido como Portuguese Ukelele. É necessário e urgente preservar o nosso património, mas o facto é que cada vez há menos construtores de cordofones.

CAVAQUINHOS NO HIPER


Foi com alguma surpresa mas também com agrado que vi que foram colocados, desde o início deste mês, cavaquinhos à venda no Hipermercado Jumbo de Alverca. Esperemos que outras cadeias sigam este exemplo e começam a apresentar aos clientes instrumentos musicais portugueses e assim contribuir para a divulgação daquilo que é nosso. Não são imitações, são instrumentos originais, bonitos e com bom som. São pequenos o que permite facilmente às crianças (e também aos adultos) a sua aprendizagem.

12 setembro 2005

STUART CARVALHAIS

Com inauguração marcada para dia 15 de Setembro no Museu do Fado, vai abrir ao público, no dia 16 de Setembro e por tempo indeterminado, uma exposição intitulada O FADO POR STUART CARVALHAIS.

Stuart Carvalhais, nascido em Vila Real em 1887, colaborou com um grande número publicações. Estreou-se em 1906 no Século Cómico e seria o responsável pela edição de A Sátira em 1911. Podemos encontrar alguns dos seus desenhos alusivos ao fado no Sempre Fixe (1930-31) e na Guitarras de Portugal (1928).

10 setembro 2005

A TRADIÇÃO ANTROPOLÓGICA PORTUGUESA E A MÚSICA

A tradição antropológica Portuguesa ajusta-se ao conceito de Nation Buildind Anthropology. Esta tradição, que emerge através de um discurso elaborado por alguns países europeus, procura incentivar uma cultura própria para melhor analisar e estudar o modo a elevar a nação não só em termos históricos mas também através da cultura popular.
Entre 1870 e 1880 Teófilo Braga, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos e Consiglieri Pedroso transmitem uma imagem textual da cultura popular numa tentativa de identificar a origem mais remota possível da cultura popular. Não existe observação sistemática, não se vêem tradições, não se vêem pessoas o que se vê são textos. É nesta altura que são publicados as recolhas dos contos populares.
Entre 1880 e 1910 Adolfo Coelho e Rocha Peixoto embora continuando a olhar a cultura popular como parte de um passado épico, abordam-na de uma forma mais diversificada iniciando o estudo das formas de organização económica e social. Começa a haver trabalho de campo.
Entre 1910 e 1920 Virgílio Correia, Pires de Lima e Leite de Vasconcelos iniciam uma cruzada tendo como objectivo o estudo da arte popular. Há um contacto com os artesãos, são recuperadas tradições. A cultura popular é algo que deve ser visto e apreciado.
Um dos aspectos curiosos dos textos publicados por estes pioneiros da antropologia tem a ver com a citação sistemática que fazem uns dos outros.
Para o professor João Leal “A essência da nação repousa na cultura popular” e para nós a música é parte integrante dessa cultura

06 setembro 2005

O BARBEIRO DE PAIO PIRES

Em Novembro de 2004, sabendo que me encontrava a realizar um trabalho de pesquisa a propósito dos construtores de instrumentos populares portugueses, o meu amigo Francisco deu-me a notícia “O barbeiro de Paio Pires constrói instrumentos!”.
Dias depois, após combinar o encontro, lá fui a Paio Pires ter com o meu amigo e conhecer o Mestre Banza.




Barbeiro de profissão e músico nas horas vagas, a sua paixão é mesmo a construção de cordofones. Os seus olhos brilhavam enquanto nos explicava quando e como construía. O mais engraçado é o facto de nos ter dito que só constrói instrumentos para ‘ consumo próprio ’ e para oferecer aos amigos.
Quando sete meses depois, em Junho de 2005 por altura do meu aniversário, me telefonou a dizer que tinha um instrumento para mim, fiquei sensibilizado pelo gesto e orgulhoso por ter entrado para o ‘lote’ de amigos do Mestre Banza.

Com uma construção e acabamento de alta qualidade o mestre Banza é um daqueles ‘carolas’ que mantém a chama viva do amor aos instrumentos. Bem haja e Obrigado.

05 setembro 2005

NAVEGANDO ENTRE VIOLAS CAMPANIÇAS

Na semana passada, quando navegava na net, fui parar ao site
icvv.no.sapo.pt/noticias.htm onde vinha publicada a seguinte notícia:

2005-08-25 | Diário do Sul | pag. 3
A cultura, o património, as tradições e o associativismo em Odemira vão ser os temas centrais do 14.º Encontro do CEDA - Centro de Estudos Documentais - Memória Colectiva e Cidadania, que irá decorrer nos dias 10 e 11 de Setembro, no Auditório da Biblioteca Municipal de Odemira. Sob o lema 'ODE-MIRA; NAVEGANDO ENTRE VIOLAS CAMPANIÇAS', este Encontro reúne especialistas e investigadores ligados à história, arqueologia, antropologia, associativismo edesenvolvimento local.

Acontece que não há forma de contactar com a organização, O Centro de Estudos
Documentais do Alentejo - CEDA, e embora tenha enviado um e-mail para o Diário do Sul a pedir mais informação até agora não obtive resposta. De qualquer forma aqui fica a notícia.

02 setembro 2005

GUITOLÃO

Depois de ter sido lançado “mundialmente”, no dia 18 de Junho de 2005, nas ruínas da Cidade Romana de Ammaia, Marvão, foi apresentado no Museu do Fado em Lisboa, no passado dia 6 de Julho, o Guitolão.

A demonstração do instrumento esteve a cargo do guitarrista António Eustáquio, proprietário do único exemplar, e a apresentação foi feita pelo seu autor, o mestre Gilberto Grácio que o idializou e concebeu a partir de um outro instrumento, também de sua autoria e idealizado por Carlos Paredes, a guitarra barítono

Este instrumento assemelha-se a uma guitarra portuguesa com uma caixa ligeiramente maior que o normal e um braço com mais 6 polegadas, 24 ½ polegadas no total.
A afinação é, da corda mais aguda para a mais grave, Mi – Ré - Lá – Mi – Ré – Sol.
Para dar uma ideia do comprimento do braço basta dizer que se se colocar o travessão no quinto ponto fica com a afinação da guitarra de Coimbra.

As Madeiras do guitolão:
Tampo - Cedro do Canadá
Ilhargas e fundo - Pau Santo
Escala - Ébano
Braço - Andiroba
Rosácia - Sicomoro
Pestana - Pau santo e Osso

Parabens ao mestre Gilberto Grácio e a mais um cordofone português. Esperemos que tenha um futuro mais risonho que outros que já quase caíram no esquecimento.

(fotos cedidas por José Lúcio)

01 setembro 2005

FORA DE HORAS

POVO QUE CANTA

Tem estado a passar na RTP MEMÓRIA a série de programas "POVO QUE CANTA" realizadas nos anos 70 por Michel Giacometti. Os programas são exibidos às Sextas feiras às 07h00 o que, convenhamos, não é um horário simpático para a divulgação de aspectos importantes da nossa cultura musical.

Próximos Programas:
02/09/2005 - Cantos de Trabalho II
09/09/2005 - Folia do Espírito Santo
16/09/2005 - Festas de Santa Cruz