MODERNIÇA (A NÃO PERDER)

Oriundo de Vendas Novas, Alentejo, um projecto que vale a pena salientar não só pela qualidade apresentada como pelo esforço louvável em trazer para a ribalta um instrumento que muitos desconhecem, a VIOLA CAMPANIÇA. O projecto Moderniça foi formado em 2005 por quatro músicos alentejanos – João Telha (viola campaniça, guitarra clássica e coros) Maria João Guerreiro (voz), Luís Laranjo (piano, flautas e coros) e Kaka (bateria e instrumentos de percussão tradicional) – unidos pela vontade de desenvolver um projecto sério na área da música tradicional portuguesa. Os objectivos do projecto são simples mas ambiciosos: encontrar um novo papel para a viola campaniça – um instrumento tradicional do Baixo Alentejo em vias de extinção – em contextos musicais contemporâneos e recuperar o repertório da música tradicional alentejana, experimentando com novas instrumentações e novos arranjos.
O empenho dos músicos na análise de recolhas de música tradicional alentejana (José Alberto Sardinha, Michel Giacometti, Ernesto Veiga de Oliveira e outros), aprofundando os seus próprios conhecimentos sobre a música da sua região, recompensou-os com a descoberta de um repertório musical e lírico de grande riqueza e potencial, que se presta facilmente a fusões com músicas de outras paragens, embora nunca perdendo a sua identidade, Alentejana, Portuguesa.

Para quem quiser conhecer melhor este instrumento sugiro a leitura do livro de José Alberto Sardinha, Viola Campaniça – O outro Alentejo, editado em 2001 pelo Circulo de Leitores.
Continua a verificar-se um desapego ao que é nosso. Se a Campaniça fosse americana com certeza que já existiam uma série de bandas a tocar este instrumento. Esperemos que outros projectos surjam porque Portugal possui a maior diversidade de cordofones de toda a Europa e todos eles com sonoridades fabulosas.