MÚSICA TRADICIONAL - 2. AS ORIGENS E A DIVULGAÇÃO
As origens da nossa tradição musical perdem-se nos tempos, a sua maior virtude é o tipo de vocalização utilizada: a polifonia a duas ou mais vozes que terá tido origem nos cantos litúrgicos da Igreja Católica
O nosso folclore é de uma riqueza musical que se associa à forma como ele é executado em que a alegria é uma constante, especialmente no norte (Minho e Douro) pois essa é a forma com ele é constantemente divulgado. Existe , no entanto, uma vertente mais comedida que está especialmente associada ao trabalho agrícola e ao culto da Igreja. No entanto é também associada ao culto, nas romarias, que esta riqueza musical é divulgada publicamente em ambiente festivo. A caracterização etno-musical profunda das várias províncias é extremamente complexa na medida em que há géneros musicais que são comuns a todo o país.
A mecanização crescente das tarefas agrícolas tem provocado um decréscimo na base funcional dos cantos de trabalho. A rádio e a televisão vão impondo, por outro lado, outras formas musicais quer na cidade quer no meio rural, dando cada vez menos importância às formas tradicionais de expressão musical.
Em meados do século XX o Estado Novo vai dar relevo aos ranchos folclóricos, tendo por finalidade a mostra da cultura tradicional. Mais tarde, o movimento cultural e de recolha iniciado por Jorge Dias e a sua equipa, que tinha por objectivo reconhecer a diversidade do País, apoiam-se no modelo anteriormente delineado por Orlando Ribeiro, e tentam sistematizar a diversidade dos vários elementos da cultura popular.
Com o surgimento dos denominados etnógrafos de esquerda, é proposta uma nova imagem de diversidade do país. Dá-se importância a um olhar na cultura que se projecta no futuro. O ponto fulcral era realçar as potencialidades nacionalistas da cultura popular. Após esta fase de recolha importante surgiu um período de estagnação onde, inclusivamente, houve quem defendesse que o importante da cultura era o que restava nos ranchos folclóricos, relegando para segundo plano ou até mesmo ignorando a forma e o contexto em que tudo aquilo foi criado. São criados nos anos 50, durante a vigência do Estado Novo, alguns esterótipos culturais puramente artificiais, que ignoraram origens musicais para tentar criar algo de novo, algo de mais típico e pitoresco, à semelhança do que já tinha acontecido com o fado.
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